“Eu Sou do Meu Amado, e o Meu Amado é Meu”*

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Betty e Solano

(Acompanha a Poesia: O Sabor do Divino Amor)

São Paulo, fevereiro de 2005

Queridas irmãs:
Já faz alguns anos que compartilho as minhas “histórias de Isabel” com vocês. Desta vez, a minha participação vai ser diferente. Não foi possível escrever uma história e me sugeriram, então, que usasse algo que já havia escrito. Mas o quê? Meu marido, neste período, se recuperava de uma cirurgia para tentar extirpar um câncer e fui mostrar a nossa casa a algumas amigas que vieram visitá-lo. Uma delas olhou para minha penteadeira e perguntou por que um saleiro e um pimenteiro (e um “salpimenteiro”) tinham o lugar de destaque, em meio aos objetos usuais. Expliquei que havia feito e lido uma poesia, no culto das nossas bodas de prata, usando o saleiro e o pimenteiro para ilustrar o relacionamento com meu marido.[1]

Mostrei a “poesia” para elas e depois fiquei sozinha, lendo e relendo, com as lágrimas pingando. Eram de tristeza e preocupação mas também de alegria e gratidão, pois olhar as bênçãos do passado ajuda quando enfrentamos as dificuldades do presente e as incertezas do futuro. Deus estava me encorajando, pois era a nossa vez de lidar com a notícia que abala tantas pessoas em algum momento da sua vida, seja com um parente ou um amigo, ou consigo mesmo: É C-Â-N-C-E-R! Portanto, neste período em que estou valorizando nosso companheirismo diariamente, e desejando a sua perpetuação intensamente, compartilharei as palavras que dediquei ao meu precioso marido naquele dia, há quase sete anos. Oro para que Deus use estes pensamentos para encorajar outras mulheres no seu papel de esposas cristãs.

A minha “poesia” fala de um convívio que deu certo e que trouxe felicidade apesar das nossas grandes diferenças. Nela, tento analisar as razões por trás disto. No meu caso, tive que vencer outros obstáculos porque, além de “pai e mãe”, deixei tudo que me era familiar (parentes, amigos, cultura, língua e país) para SEGUIR o jovem que havia assumido ser “uma só carne” comigo. Nem sempre foi fácil, mas nunca me arrependi, pois temos em comum o respeito pelo principal — aquilo que chamo “o livro de receitas” — os princípios divinos para o convívio conjugal, registrados na Bíblia.

Vivemos num mundo no qual o compromisso vitalício entre um único homem e uma única mulher é menosprezado, até dentro do povo de Deus. Somos instigados a lutar por nossos “direitos” e projetos individuais. Eu também não fiquei imune à tentação de individualizar minha vida. Complementar um homem (imperfeito) da maneira que Deus projetou, dia após dia, pode parecer bem menos atraente do que a possibilidade de meter-se de corpo e alma nas profissões ou especialidades nas quais também podemos ser muito capacitadas e bem-sucedidas. No meu caso, meu Pai celestial me cercou com bons exemplos, especialmente minha mãe e minha sogra, que me ajudaram a não perder o rumo. E Ele me concedeu um marido que realmente tenta amar a sua esposa do modo que Cristo ama a sua igreja. Sou muitíssimo grata.

Deus permita que muitas de vocês possam ecoar o sentimento contido nos meus versos. Por aquelas que estiverem lutando com dificuldades no matrimônio, peço ao Pai que possam compreender e experimentar que uma tremenda parte da felicidade do lar depende de nós mulheres, da nossa atitude e do nosso amor sacrificial e incondicional (por Deus e pelo nosso marido). É impressionante como os nossos casamentos podem melhorar quando levamos a sério o ensino de certas passagens bíblicas com respeito a atitudes, hábitos e ações. Não podemos apenas ficar esperando que mudanças venham de fora. Existe muito que nós mesmas podemos fazer e para isto precisamos nos humilhar diante de Deus, pedindo a sua ajuda em oração e procurando a orientação da Palavra e o conselho de pessoas experimentadas na fé.

Algumas estão se preparando para “o grande dia.” Sabemos o que é isso, porque dois dos nossos quatro filhos estão noivos e, se tudo correr bem, logo seremos “sogros”. Nossos telefonemas e e-mails estão cheios de conversas sobre flores, convites, vestidos, a cor da roupa das mães… Tivemos, assim, oportunidades de falar sobre como reconhecer o verdadeiro amor e vivê-lo. É preciso tirar tempo dos preparativos para a cerimônia (que é importante) para ambos se prepararem para o convívio posterior, cultivando desde já um amor que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta…”.

Infelizmente, ficamos encantadas por imagens televisadas das festas nupciais de belas e sorridentes atrizes e atletas que, posteriormente, demonstram que não têm noção sobre como fazer a alegria durar além da lua-de-mel. Queridas irmãs, a cerimônia raramente sai da maneira que sonhamos, mas a felicidade conjugal realmente não depende disto. (Lembro-me que, além do meu marido curtir uma enorme enxaqueca durante o ensaio e no dia da cerimônia, um carro cheio de convidados capotou numa curva a caminho da igreja. Adiamos o culto por uma hora e, logo depois, deixamos os convidados sozinhos na recepção e todos os 11 participantes foram desfilar pelo hospital. O “detalhe” que não planejamos foi o que acabou ficando na memória de todos. Pela graça de Deus, ninguém sofreu danos permanentes. Daria uma “história de Isabel”, não acham?)

Outras leitoras ainda estão esperando pela “pessoa certa.” Por favor, não cedam nunca à tentação de abrir mão do primeiro requisito de Deus, por mais simpático ou bonito que seja o rapaz. Ele tem que ser um homem temente a Deus, alguém que já dá indícios de estar comprometido em seguí-lo em todos os aspectos da sua vida.

Não posso deixar de pensar também naquelas cujos companheiros partiram, do lar ou desta vida, pois a possibilidade desta solidão também assola meu próprio horizonte. Que Deus conforte a todas e dê forças para continuarem brilhando no serviço dele, capazes de consolar às “que estiverem em qualquer angústia” com o mesmo conforto que Ele lhes dá.

A minha oração, minhas irmãs, é que o mundo possa olhar para vocês e para mim, filhas do Deus todo poderoso, incompreensivelmente sábio e imensuravelmente amoroso, e constatar, maravilhado, que é possível seguir os princípios a respeito do matrimônio, encontrados na Bíblia, e realmente ser feliz! TUDO posso, naquele que me fortalece!

Da irmã em Cristo,
Betty

Elizabeth Zekveld Portela
Publicado na SAF em Revista, 3º Trimestre / 2005

*Cantares de Salomão 6:3

[1] O Sabor do Divino Amor–ver na categoria Poesias deste site
[2] Salmo 77.5-13; 78.3-7; 143.4-8; 2 Timóteo 1.12.
[3]Gênesis 2.24.
[4] Efésios 5:25
[5] Situações de violência, abuso e infidelidade no lar podem exigir soluções além das sugeridas aqui (afinal, “Deus nos tem chamado à paz”—I Cor 7.15). Entretanto, sei de várias situações em que a mudança da atitude da esposa foi utilizada pelo Espírito Santo para trazer melhorias e transformações.
[6] A leitura de bons livros é muito útil, especialmente quando é difícil conversar com alguém. Estes podem ser encontrados nas seções para família ou mulheres em livrarias. A Cultura Cristã oferece vários em http://www.amx.com.br/cep/ (o meu favorito é Celebração do Matrimônio, de Edith Schaeffer,). Os livros da irmã presbiteriana, Wanda de Assumpção http://www.mundocristao.com.br/, e de Jaime e Judith Kemp http://www.livrarianovaalianca.com.br/ também são ótimos.
[7] 1 Coríntios 13.7
[8] 2 Coríntios 6:14-18
[9] 2 Coríntios 1.4
[10] Filipenses 4.13

SUGESTÕES PARA MEDITAÇÃO E/OU ATIVIDADES
1. “Por trás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher”. Este ditado não está na Bíblia mas, ainda assim, é uma expressão do propósito de Deus quando criou a mulher como auxiliadora que complementa o homem (Gênesis 1.28). Você está sendo uma “grande mulher” para seu marido? Até que ponto o que ele é—seja bom ou ruim—é por causa de você? O seu lar é um lugar aconchegante onde ele pode se refugiar das tormentas da vida e sair revigorado ou é parecido com a casa de Provérbios 21.9 e 27.15. Você serve de “coroa” para ele ou mais como “apodrecimento nos ossos”? Você “lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida” para que ele esteja “estimado entre os líderes da terra”? (Provérbios 12.4; 31.12,23). Quando fala sobre ele para outras pessoas, a imagem dele é construída ou destruída?

2. Seu casamento é caracterizado pelos outros aspectos do amor que não foram citados acima (1 Coríntios 13.4-7)? Existem muitas outras passagens que nos orientam no convívio (entre essas, Gálatas 5.22-23; Efésios 5 e 6; Filipenses 2; Colossenses 3; todo o livro de Provérbios). Procure marcar estas e outras na sua Bíblia e, se possível, decore algumas que se aplicam à sua vida. As que estiverem em grupo poderão citar os versos que mais lhes ajudam, sempre com cuidado de não “lavar roupa suja fora de casa”.

3. As mulheres mais velhas foram exortadas por Paulo a “instruirem as jovens recém-casadas a amarem a seus maridos” enquanto ensinavam uma série de outras coisas (Tito 2.4-5). Vemos, então, que as qualidades de uma boa esposa podem ser aprendidas. Se você for uma “mulher mais velha”, peça sabedoria e coragem a Deus para participar desta tarefa na sua igreja, família ou comunidade, sem medo de ser estigmatizada como “ignorante” ou “atrasada”. Se você for uma “jovem recém-casada” ou alguém que se vê presa em situações e hábitos com os quais não sabe lidar, procure a orientação de uma pessoa experimentada que ama e serve a Deus, evitando sujar o nome do seu companheiro.

4 Comentários a ““Eu Sou do Meu Amado, e o Meu Amado é Meu”*”

  1. dulcilene santiago disse:

    queridos gosto muito de ler e sempre procuro na internet algo que me edifique e me ensine e amei esta propriamente dita porque quero melhorar como esposa e DEUS vai me conceder esta graça. Ser esposa não é fácil mas posso ser muito melhor ainda e serei no nome DE JESUS CRISTO

  2. betty disse:

    Querida Dulcilene:
    Alguém me presenteou recentemente com As Sete Virtudes da Mulher Cristã (Carolyn Mahaney, Editora Vida). Fala para mulheres, partindo de Tito 2.3-5, e tem muitos pensamentos e exemplos relevantes. Estou no capítulo 4 no momento, tentando ver se vale a pena recomendá-lo. E creio que sim. E também os livros de Elizabeth George, quase todos escritos para mulheres.
    http://www.planetanews.com/autor/ELIZABETH%20GEORGE
    Este link tem uma lista dos trabalhos dela e deve ser possível encontrar como adquiri-los na Internet. A leitura de bons livros sempre nos estimula. Ainda quando grande parte do conteúdo não estiver falando à nossa atual situação, às vezes, a leitura de um capítulo, ou até de um único parágrafo, já basta para nos estimular a ser grata ou esforçar-se mais, ou seguir outra linha de raciocínio ou método, ou corrigir-se…

    Um bom relacionamento não vem da noite para o dia. É algo que surge aos poucos, ou que conquistamos ou re-conquistamos com repetidos esforços, que pode ser ensinado e aprendido.. Que Deus a ajude nos seus propósitos! Passe tempo na sua presença, familiarizando-se com seus preceitos, falando com ele sobre tudo e convivendo com aqueles que lhe estimulam ao bem.

    Abraços, Betty Portela

  3. Rachel Oliveira disse:

    Olá! Encontrei “por acaso”…rs! este site e comecei a ler por aqui. Estava pesquisando sobre o livro de Carolyn Mahaney e vi que você o estava lendo para ver se deveria recomendar. Antes ainda, gostaria de parabenizá-la pelos textos. Além de muito bem escritos, são mutio edificantes. Obrigada por compartilhar!!! Bem, gostaria de saber se você gostou do livro e se o recomenda, pois sou esposa de pastor (igreja presbiteriana também) e estou começando um trabalho com mulheres na igreja e, para tal, tenho procurado ler bons livros. Já li uns 5 da Elizabeth George e gosto muitíssimo. Gostaria de conhecer outras autoras que conversam sobre assuntos ligados diretamente a mulher. Se você tiver alguma indicaçao sobre textos e/ou livros que falem sobre o sexo na bíblia eu ficaria muito grata também, pois é um tema que estão interessadas. Bem, é isso. Desde já, obrigada!

  4. Regina disse:

    Gostaria de receber e-mail que sejam positivos e agradáveis sobre nossas
    vidas matrimonial e vida com pessoas que você deve conviver, embora tenham feito muito mau a nós. E lendo seus depoimentos pela internet, eu amei e nos faz muito bem.

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