Já chegamos ao fim do primeiro dia de vida do nosso neto. Via telefone, Skype e Facebook, já ouvimos a descrição do parto, vimos fotos com e sem a mãe, ouvimos seu choro e assistimos a um filminho de 45 segundos de uma criança com os olhos bem abertos, com a mão debaixo do queixo parecendo um filosofo (puxando ao pai que se formou neste ramo e ao avô brasileiro), fazendo “atchim”, seguindo os movimentos dos dedos do pai, reagindo às cócegas nos pezinhos… Já tenho certeza que ele é o neto mais fofo e mais inteligente do mundo! Gostaria tanto de poder segurá-lo! E de dar um beijo no rosto com expressão embevecida do meu primogênito…
Lembro-me do nascimento do David em Recife, uma experiência tão diferente das mulheres do meu país—onde apenas o marido e a mãe da nova mãe poderiam lhe “visitar” em certas horas e ninguém mais. No nosso caso, comecei a ter dores de madrugada e fomos até o hospital. Papai e Mamãe foram juntos e, logo que amanheceu o dia, foram ligando para os parentes. O quarto era grande e eu ficava andando ou deitando numa cama do lado, fazendo palavras cruzadas para aprender português mais rápido. No outro lado, havia dois sofás e algumas cadeiras e eles foram se enchendo com tios e primos bem humorados, compartilhando, brincando e contando piadas. Achei estranho, mas eles tinham discrição e, de certo modo, parecia-me melhor do que estar sozinha em meio a pessoas estranhas, num ambiente inteiramente desconhecido… O amor da minha nova família se estendia a mim—todos me queriam bem. Me chamavam de “galega”…
Quando as dores ficaram mais fortes, o médico (o mesmo que havia feito o parto do meu marido!) baniu a todos exceto minha sogra e meu marido. Eu havia acertado com ele que eu queria ficar acordada, sem anestesia, para ver meu filho nascer (ou filha—naquela época o exame de ultra-som não era comum). Levaram-me para a sala de parto e eu estava fazendo tudo que me mandavam quando, de repente, me deram alguma coisa e eu apaguei. Ocorre que David estava laçado pelo cordão umbilical e o doutor não queria que eu visse a luta para ele sair com vida.
Acordei algum tempo depois, já no quarto. Vi um bercinho com lençol azul ao meu lado e sussurrei para meu marido, que havia se levantado quando viu que eu mexia. É marido? Logo que as palavras saíram da minha boca, percebi que havia errado o termo (queria dizer, menino). Mas ele me beijou e disse “sim”. E eu dormi de novo, aliviada e feliz com o companheiro que me compreendia e o filho que ali dormia. Quando acordei de novo, o quarto estava cheio de gente. Era domingo e meu sogro havia ligado para a igreja em tempo da notícia ser dada no encerramento da Escola Dominical. Assim dezenas de pessoas deram um pulinho lá para nos parabenizar e admirar o nosso filhão. Ele era enorme—4,45 kilos e 55 cm! E bonito!!!
Recebemos tantas visitas na semana que se seguiu! E presentes! E no próximo domingo, no oitavo dia, levamos Davizinho para a igreja, onde assumimos, com muita seriedade, criá-lo no temor e admoestação do Senhor diante de Deus e os irmãos na fé, no momento do seu batismo. E Deus nos abençoou…
Tenho cadernos cheios de sentimentos, pensamentos e acontecimentos registrados nos dias e meses antes e depois do seu nascimento. Toda semana, eu mandava um extenso relato para meus pais e irmãos no Canadá que, como nós agora, não podiam estar presentes para ver, pegar, beijar e brincar com aquele que também era seu primeiro neto e sobrinho. Minha mãe guardou todas as minhas cartas. São centenas, escritas durante os doze antes que precederam o seu falecimento em 1988. Eu agora as tenho, guardadas numa caixa. Dá vontade de encontrar, reler e compartilhar o conteúdo com os pais do meu netinho—naquele anseio que creio ser comum a todos os pais e avós, de perceber a repetição de traços físicos, emocionais e intelectuais nas diversas gerações.
Mas está na hora de Vovó dormir.
Betty
Betty
Parabens.O seu netinho é lindo É realmente muito gratificante ser avò.Nós recordamos o nascimento dos nossos próprios filhos.Que o Senhor o abencoe e oriente os pais a cria-lo no temor de Deus.Isia
Betty e Solano
Agora voces sabem da felicidade de serem avos !
Passamos recentemente por essa experiencia divina com o nascimento da nossa 1ª netinha Palloma, hoje com 1 ano e 4 meses !
Parabens. Que Deus abençoe e guarde a todos.
Tacinho